O jornalismo ambiental deve revolucionar a lógica da imprensa


LARISSA MOLINA


Créditos: Bruna Sampaio
Tempestades tropicais, enchentes, furacões. Esses são apenas alguns exemplos de eventos ambientais retratados pela mídia somente pela ótica da tragédia sem abordar projetos e propostas de soluções desenvolvidas por cientistas. Essa é a principal falha da cobertura ambiental, segundo o jornalista José Pedro Martins que já publicou diversos livros sobre o meio ambiente. A justificativa do ato, para ele que já trabalhou como repórter e articulista no impresso Correio Popular, é que o jornalismo ambiental ainda segue a lógica da imprensa em pautar apenas assuntos críticos.  


 “Se ficarmos apenas na denúncia ou falar que o mundo está perdido, as pessoas não vão ter motivo para agir e, o jornalismo, como também toda a mídia, tem uma função educativa muito grande. As pessoas acordam já vendo notícia. É por isso que a mídia tem que ter noção de sua responsabilidade, do seu impacto na vida das pessoas”, diz Martins.          
  
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Para ele, além de não abordar apenas tragédias, o jornalismo ambiental também não deve ser desenvolvido somente em uma editoria, mas sim de forma transversal para se ter uma abordagem mais ampla e sair do abstrato.  

“Quando se fala em um tema ambiental, também tratamos de questões econômicas, culturais, sociais e políticas. Você tem que ter um contexto para mostrar o tema ambiental em si e não ficar só no aspecto biológico, só da crise ou só do acidente”, afirma.

Por defender mudanças na forma com que se faz jornalismo ambiental, Martins vê esta vertente jornalística em construção e distante de ser o ideal. A explicação dele para isso é pontuada em dois itens: poucas faculdades de jornalismo investem em disciplinas ambientais (no Brasil são seis) e o jornalismo ambiental é jovem no país; inicia-se na década de 70, em meio à ditadura militar e  começa sob censura e dificuldades para abordar o tema.